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Ex-batera do Guns usa criptomoedas para mudar indústria fonográfica

Matt Sorum quer mudar os rumos da indústria fonográfica (Foto: Internet)

Com passagens pelas bandas The Cult, Guns N’ Roses e Velvet Revolver, o baterista Matt Sorum está capitaneando um projeto que pode revolucionar a indústria fonográfica. Atuando como embaixador do serviço de criptomoedas Artbit, Sorum pretende estreitar a transação entre artistas e consumidores de música.

Em conversa com Yahoo Finance, Sorum explicou os audaciosos propósitos da empreitada:

Toda esta economia de criptomoedas representa o futuro. Eles fizeram isso com o Airbnb e fizeram com o Uber. No mercado da música, tradicionalmente, o que acontece há décadas é que o artista é o último cara a comer da fatia do bolo. Com o Artbit, nós quebraremos esse paradigma e faremos com que o artista seja da fila do pagamento

Ao longo da maior parte dos dois últimos séculos, uma boa parte da distribuição dos direitos autorais arrecadados com execução pública de música foi fundamentada nas estações de rádio e, posteriormente, nas emissoras de TV. Isso possibilitou o surgimento de um cartel, que por sua vez impulsionou o advento da indústria de gravadoras. Trabalhando em conjunto, essas duas indústrias criaram mercados 100% manipuláveis. Foi daí que surgiu, por exemplo, o famigerado “jabaculê”, que nada mais é do que o suborno pago para que uma determinada música seja exaustivamente tocada.

Matt, o primeiro à esquerda, nos tempos de Velvet Revolver (Foto: Internet)

Na era digital, os serviços de audição online mudaram os rumos do consumo de música. A grande questão é que independente das mudanças nos rumos da indústria, a figura do intermediário entre o dinheiro arrecadado e o artista sempre foi bastante presente. Segundo Matt, o Artbit tem a missão de tirar os atravessadores de cena. 

Minha intenção é eliminar a função do intermediário, um profissional que é gigolô dos artistas. Existe um batalhão de pessoas que o músico deve pagar na indústria. Imagine se você pudesse comprar uma música por 99 centavos e o dinheiro fosse automaticamente distribuído para todos os que contribuíram com a canção — o produtor, todos os seus compositores? Com o blockchain, a verba é automaticamente transferida para as carteiras de todos os envolvidos, sem a necessidade de uma conta bancária que nada mais é do que um instrumento para gerar dinheiro e manipular interesses de terceiros

Como trabalhou em bandas mundialmente famosas, Sorum tem conhecimento suficiente para afirmar que o esquema de distribuição de royalties continua desfavorecendo os bolsos do artista. Na conversa com o Yahoo Finance, o músico alfinetou o modelo de negócios da maior plataforma de streaming de música do mundo:

Como todos nós sabemos, em plataformas como o Spotify, apenas uma pequena porcentagem dos artistas consegue fazer algum dinheiro. Qualquer novato tem que trabalhar muito duro para chegar à primeira página de uma plataforma como o Spotify — e, mesmo nesse ponto, não conseguirá monetizar o trabalho. Com o Artbit, o acesso será direto. Os artistas terão uma comunidade através da qual eles poderão monetizar suas obras – sem intermediário, com pagamentos diretos, através de uma carteira, através de criptomoedas, através de uma comunidade sã e salva, baseada em Hashgraph

O lançamento formal do Artbit está previsto para este ano. Apesar de não ser uma tendência no mercado, o projeto também não 100% novidade. De acordo com o site Webitcoin, “a gravadora underground Arena experimentou um formato semelhante, e o Ziro Music Festival da Índia também deu uma chance às criptomoeadas no ano passado”. O eficiência do modus operandi e a eficácia dos possíveis resultados da inciativa liderada por Matt Sorum, até segunda ordem, não passam de incógnitas.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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