Dívidas da Gibson chegam na casa dos US$ 560 milhões
Em sua lista de adeptos, em diferentes momentos da história, a Gibson conta com guitarristas do gabarito de Jimmy Page, Slash, B.B. King, entre outros ícones. Empunhando um violão Gibson J200, Elvis Presley também ajudou a imortalizar o nome da fabricante. Com tantos “embaixadores de peso”, não há dúvidas de que a empresa é praticamente unanimidade no meio musical.
E a história não para por aí: com o solo imortalizado na música “While My Guitar Gently Weeps”, dos Beatles, Eric Clapton, um ferrenho adorador da Fender Stracaster, também deu sua colaboração para que a Gibson fosse ainda mais icônica. Na ocasião, Clapton usou uma 1957 Les Paul Standard “Lucy”, uma das peças do arsenal de George Harrison.
Apesar da indiscutível qualidade e relevância de seus produtos, a Gibson atravessa a pior fase de sua centenária trajetória. Após 116 anos de história, a fabricante se encontra “entre a cruz e a espada”. De acordo com o site peruano Diario Gestión, especialista em economia, as dívidas da empresa estão na casa dos US$ 560 milhões. Ainda segundo o veículo, a quantia astronômica deve ser paga no terceiro trimestres de 2018.
Os principais acionistas da Gibson estudam a possibilidade de afastamento do CEO empresa, Henry Juszkiewicz. Com um diploma da Harvard Business School, Juszkiewicz é o mandatário da marca desde 1986. A maneira do executivo negociar, no entanto, não é exatamente bem vista aos olhos de quem injeta dinheiro na corporação.
Culpa da Diversificação?
Na tentativa de fazer da Gibson a maior e mais importante fabricante de guitarras do mundo, Juszkiewicz comprou partes de empresas de produtos eletrônicos de consumo para transforma a Gibson Guitars em Gibson Brands, uma empresa de “estilo de vida musical”.
Ele também adquiriu uma linha de produtos eletrônicos da empresa japonesa Onkyo. Na lista de compras do CEO também está a WOOX Innovations, a divisão de áudio e entretenimento doméstico da Royal Philips, por US$ 135 milhões.
“Meu sonho era ser a Nike do estilo de vida musical. Neste momento, francamente, preciso reduzir essa ambição”, disse ele em entrevista recente.
O resultado não saiu de acordo com o planejado. As aquisições consumiram mais dinheiro do que o esperado, sobretudo após o acordo com a Philips. Para agravar a situação, está marcado para o dia 1º de agosto de 2018 o vencimento de uma dívida na casa dos US$ 375 milhões. Em caso de inadimplência ou de de refinanciamento, um empréstimo bancário no valor de U$145 milhões será adicionado ao saldo devedor.
Mais problemas
A Gibson também enfrenta problemas com com alguns varejistas. Vários deles romperam relações comerciais com a marca, sob a alegação de demandas inaceitáveis. Para azedar ainda mais o diálogo entre as partes, em entrevista recente, Juszkiewicz criticou a organização das lojas instrumentos. Segundo ele, os lojistas pecam por não investirem em merchandising e logística.
Outro foco de crise na fabricante está na falta de alinhamento com os fornecedores. Segundo a a S&P Global Ratings, a Gibson está com problemas de crédito e também sofre uma pressão, cada vez maior, devido às novas restrições à importação de jacarandá, uma matéria-prima fundamental para os instrumentos de alto nível.
Gustavo Morais
Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.