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‘Remember Me’: saiba mais sobre a canção vencedora do Oscar 2018

Os cantores Natalia e Miguel, celebrando a cultura latina e a diversidade no palco do Oscar (Foto/ Divulgação)

Remember Me, música da animação da Pixar, Coco (Viva: A Vida É uma Festa), levou a estatueta do Oscar de melhor canção original na noite de domingo (4). E olha que este ano não foi fácil: a música, composta pelo casal mexicano Robert Lopez e Kristen Anderson-Lopez, concorreu com a empoderada This Is Me (O Rei do Show), com a favorita Stand Up For Something (do filme Marshall, composta pela premiada Diane Warren e interpretada por ninguém menos que Andra Day) e a singela Mystery of Love, que remonta o primeiro amor retratado em Call Me By Your Name, de Sufjan Stevens e St. Vincent em suas primeiras indicações ao Oscar.

O casal Lopez já manja bem sobre o que a Academia quer quando o assunto é música – é deles a premiada Let It Go (que todo mundo sabe cantar, mesmo que não tenha assistido Frozen).

Portanto, a “fórmula” de uma canção grandiosa e com refrão poderoso já estava na conta deles. Mas o que enriquece mesmo a canção são os outros elementos que os compositores buscaram para dar o tom de Remember Me: a mistura de ritmos tradicionais mexicanos, como o bolero ranchero e os mariachis.

Na cerimônia, a faixa ganhou uma belíssima interpretação: começando com Gael Garcia Bernal cantando ao som de um violão típico dos mariachis clássicos. Logo depois, entram no palco os cantores pop de descendência mexicana, Miguel e Natalia Lafourcade, que dão o tom animado da música. Durante a performance contagiante, o palco se colore para receber vários elementos da cultura do México – inclusive com os intérpretes, todos mexicanos, orgulhosamente vestindo-se a caráter naquele momento em que sua cultura virava protagonista na maior premiação do cinema mundial.

VIVA O MÉXICO!

Levando em conta que o Oscar este ano se pautou em celebrar a diversidade – estratégia louvável, apesar de severamente atrasada – a disputa por “Melhor Canção Original” parece  ainda mais acirrada. Afinal, estamos falando de filmes e canções que falam sobre a luta por igualdade, por espaço, pela celebração do amor (seja com quem for). E as canções-tema seguem a mesma linha, para além de serem composições de grande qualidade estética.

Mas, o que torna a música Remember Me, digamos, mais especial?

O filme Viva, por si só, já tem uma história encantadora, como já apontamos aqui. De forma simples, apresenta ao mundo uma das maiores tradições da cultura mexicana, o Dia de Los Muertos. Além disso, os atores principais tem descendência mexicana, assim como parte da produção do filme, o que garante a fidelidade da narrativa. Em resumo, é uma obra de celebração à música e ao México: a animação conta a história de Miguel, um garoto que sonha em ser músico, mas só vê a possibilidade de realizar o seu sonho em outro mundo, a Terra dos Mortos. Lá, com a ajuda de amigos e de várias figuras que representam a cultura mexicana, Miguel encontra a motivação que precisava para voltar para o mundos dos vivos, se conectar novamente à sua família e tocar a sua música.

Remember Me é uma canção que celebra os laços afetivos, como a amizade e o familiar. No filme, é a canção que o grande ídolo de Miguel canta antes do garoto partir em sua missão. A letra fala sobre se lembrar das pessoas queridas a cada dificuldade, pois, mesmo distantes, elas ainda estarão ali por você.

No discurso de agradecimento, os compositores Kristen Anderson-Lopez e Robert Lopez reforçaram a honra de levarem o prêmio celebrando a cultura mexicana. Mas ainda mais emocionante foi o discurso de agradecimento dos diretores e produtores de Viva por “Melhor Animação”.“Viva é a prova de que a arte pode mudar e conectar o mundo”, disse a produtora Darla K. Anderson. “Com Viva a gente tenta dar um passo além, para um mundo em que crianças marginalizadas possam ver no cinema personagens que a representem”, declarou o diretor Lee Unkrich. Ao final, ele manda a mensagem em alto e bom som: “Viva o México!”

REPRESENTATIVIDADE LATINA

Ao premiar um filme que retrata de forma belíssima e doce cultura riquíssima do México, o Oscar, de certa forma, se posiciona diante de questões políticas polêmicas: basta lembrar da “caça aos imigrantes” imposta pelo governo Trump – que atinge potencialmente os mexicanos. O “muro de Donald Trump”, afinal, não impede que a população imigrante que vive nos Estados Unidos celebre a sua própria cultura e – merecidamente – a veja exaltada justamente por Hollywood, que por tanto tempo transmitiu valores e tendências quase utópicos para o resto do mundo seguir. Agora, (ainda bem) nada mais é tão valorizado quanto a troca de experiências culturais, que só é permitida em locais que apoiem a diversidade.

Os tempos são difíceis, mas é papel da arte contestá-los e, da Academia, reconhecê-los.


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