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Cientistas brasileiros descobrem como nosso cérebro mapeia músicas

Uma equipe de cientistas do Instituto D’Or de Pesquisa e Ensino, do Rio de Janeiro, provou que para o cérebro humano, cada música ouvida é registrada com padrões diferentes. A pesquisa faz parte do desenvolvimento de um trabalho que no futuro poderá ser aplicado em estudos sobre “alucinações auditivas” e “vozes interiores”, sintomas da Esquizofrenia, além de ser um suporte para o desenvolvimento de tecnologias que promovam a comunicação com pessoas que não podem falar nem se mexer.

Neurociência dá mais um passo rumo à leitura do pensamento humano (Foto/idor.org)

A descoberta foi possível com auxílio de máquinas tridimensionais de ressonância magnética que fazem uma espécie de descodificação cerebral. Na prática, o equipamento lê o pensamento. A partir da atividade cerebral de seis voluntários, que escutaram 40 músicas, o computador aprendeu a ler o comportamento do cérebro. Posteriormente, já sem ajudas, a inteligência artificial conseguiu identificar o que estava dentro da cabeça dos voluntários.

Em conversa com a rádio portuguesa TSF, o neurocientista Sebastian Hoethe, um dos mentores da pesquisa, explicou como funciona o equipamento:

Medimos a atividade do cérebro através da ressonância magnética, com imagens a três dimensões, e apresentamos várias músicas a diversos participantes. Depois fizemos uma análise que relacionou as características acústicas das músicas com a resposta cerebral

Ainda segundo Hoethe, apesar de haver muitas pesquisas que desvendam as maneiras “como as narrativas são mapeadas pelo nosso cérebro”, o assunto é um verdadeiro admirável mundo novo. “São perguntas muito interessantes na direção de ler o pensamento, mas o caminho ainda é longo”, disse.

Cada música que ouvimos, deixa uma impressão exclusiva no cérebro (Foto/Pexels)

Com tantas novas possibilidades possibilidades, a ciência segue dando passos largos para entender o incognoscível funcionamento do cérebro humano.

“No futuro, [a pesquisa] abre o caminho para outras aplicações. Por exemplo, entenderemos melhor que atividade tem no nosso córtex temporal, que processa o som. Podemos imaginar que as alucinações auditivas geram, de fato, uma atividade neuronal, que pode ser monitorizada através da ressonância magnética e assim seria possível fornecer um ‘feedback’ auditivo para a própria alucinação auditiva”

Um dos objetivos do estudo é desenvolver meios que promovam a comunicação com pessoas que não podem falar nem se mexer. Porém, como não poderia ser diferente, o avanço tecnológico sempre vem acompanhado de questões éticas que os cientistas não colocam de lado. Para Hoethe, tais perguntas precisam ser discutidas em conjunto com a sociedade.

Ler o pensamento é muito mais do que ficção científica. O futuro chegou, amigo leitor, e é muito bom viver nele!

 

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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