Reflexões sobre infância e comunicação musical
Nota da redação: Gustavo Andrade Carluccio é professor de música, no “Colégio Marista Champagnat”, em Ribeirão Preto (SP). Na semana em que celebramos o “Dia do Músico”, o educador publica um artigo sobre musicalização na infância. O texto foi gentilmente cedido para publicação no Cifra Club.
A música é arte de combinar os sons de modo a produzir sensações agradáveis com o objetivo fundamental no desenvolvimento da criança seja no âmbito moral e/ou social, contribuindo para aquisição de hábitos e valores importantes de cidadania.
No cenário contemporâneo, concebemos o mundo como um todo integrado e não em partes fragmentadas, demonstrando o conhecimento contínuo com o meio em que vivemos.
A educação deve ser vista como algo transformador da consciência para todos com poder de libertação, criação de conhecimento e auto estima, permitindo ao estudante explorar e projetar totalmente seus pensamentos.
O educador musical deve estar aberto na busca de novas metodologias que viabilizem as vivências na linguagem da música. Esse olhar de reflexão do professor sobre a sua experiência musical diária é ainda o melhor método para que suas aulas não se tornem cansativas e sem significado para a criança.
A criança deve fazer música brincando, sendo essa a sua maneira de relação e descobrimento do mundo a sua volta. Nesse período, a criança percebe os sons, aprende o gestual de uma canção, toca um instrumento, traduz movimentos rítmicos por meio do corpo, pesquisa, constrói e descobre novos sons e instrumentos. É na ludicidade do ateliê de música que a criança se relaciona com os sons manifestando e expressando sua afetividade.
A roda de cantos, o contar de histórias, danças gestuais, manipulação e execução dos instrumentos de percussão e apreciação de canções musicais são formas de atividade no ateliê musical. Não se pode esquecer também da importância de trabalharmos com músicas de diferentes culturas e nações indo do popular ao erudito.
Nas aulas de música são necessários vários materiais lúdicos e criativos que as tornem muito mais interessantes. Não basta apenas tocar a canção e cantar, mas atrelar estas situações com recursos visuais como bichos de pelúcia, fantoches, tecidos, brinquedos de madeira, bolas, bexigas, e materiais recicláveis, com a finalidade de facilitar a sensibilidade, criatividade pela aprendizagem.
É na experimentação e na descoberta de novos sons que construímos uma abordagem musical mais eficaz e com isso criamos novos métodos e formas de fazer música. A criança percebe que seu professor com estas novas formas de aprendizado tem a concepção de direcionar todo seu conhecimento na construção de uma pessoa cidadã, criativa, reflexiva na forma de atuar perante a sociedade, com a função de ajudar na possibilidade de novas oportunidades futuras.
Dessa forma, a educação musical é uma proposta importante que justifica ser aplicada durante a fase da infância em que ocorre maior desenvolvimento psicológico, emocional e cognitivo. A música tem papel transformador no desenvolvimento infantil, integrada com as outras áreas do conhecimento.
Gustavo Morais
Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.