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7 gravações raras para celebrar os 61 anos do inesquecível Cazuza

Cazuza ao vivo

Se estivesse vivo, Cazuza completaria 61 anos (Foto/Divulgação)

Naquele 4 de abril de 1958, o dia que nasceu feliz na casa da família Araújo. Os ventos do outono daquela data emolduraram o cenário para que viesse ao mundo uma criança que recebeu, em homenagem ao avô paterno, o nome de Agenor de Miranda Araújo Neto.  Antes de nascer, no entanto, o garoto já era chamado pelo apelido que o tornou conhecido no Brasil inteiro: Cazuza.

Carioca da gema, o pequeno Agenor teve nas raízes nordestinas do pai a origem de seu apelido. Lá pros lados de Pernambuco, “cazuza” é um termo que significa “moleque”. Anos mais tarde, os codinomes “Caju” e “Exagerado” passaram a fazer parte da vida do poeta mais fora da lei da música nacional.

Lucinha Araújo cuidando do bebê Cazuza

O pequeno Agenor sob os cuidados de Lucinha Araújo (Foto/Sociedade Viva Cazuza)

Se estivesse vivo, exatamente hoje, Cazuza faria 61 anos. Porém, ele morreu em julho de 1990, contando apenas 32 anos de vida. Neste post, você vai relembrar um pouco de sua curta trajetória, bem como ouvirá gravações raras que ele deixou espalhadas por aí.

Aumenta o som e bom viagem musical, amigo leitor!

“Carreira, dinheiro, canudo”

O período que se estende entre a infância e adolescência de Caju foi cercado por um bom ambiente familiar. Como era filho único, teve sobre si toda atenção e carinho dos pais. Apesar de sempre estudar em boas escolas e de contar com incentivo familiar, o rapaz não conseguia seguir um caminho. Entre outras carreiras, tentou estudar Comunicação Social, atuou como fotógrafo e chegou até a trabalhar nos bastidores da gravadora do pai, a Som Livre.

A formação original do Barão Vermelho: Guto, Frejat, Maurício, Cazuza e Dé (Foto/Divulgação)

Depois de ficar “pirado, rodando de bar em bar, jogando conversa fora”, um grupo de rock abriu as portas para seu talento musical. O ano era 1981 quando Cazuza (voz) se juntou a Guto Goffi (bateria), (baixo), Maurício Barros (teclados) e Roberto Frejat (guitarra) e decretou então a formação original do Barão Vermelho. Durante quatro anos o quinteto permaneceu junto. O grupo lançou três discos de estúdio, que imortalizaram clássicos da música brasileira como, por exemplo, “Por que A Gente é Assim?”, “Todo Amor Que Houver Nesta Vida” e “Bete Balanço”.

Cazuza e seu jeans inseparável

Em 1987, Cazuza viveu o auge da carreira solo (Foto/Divulgação)

Em 1985, o artista levantou o voo da carreira solo. Ao longo dos quatro anos seguintes, lançou quatro discos e mostrou uma versatilidade artística pouco comum na música brasileira. Ele tocou do blues, rock, passou pela bossa nova, flertou com o pop e trouxe para seu universo particular todas suas referências de MPB. “O Tempo Não Pára”, “Brasil”, “Faz Parte do Meu Show” e “Ideologia” são algumas dessas joias raras.

Cazuza e obras alheias

Ao longo de uma carreira breve, louca e intensa, Cazuza lançou nove discos, colecionou parcerias memoráveis, fez muitos amigos, “frequentou grandes festas, nos endereços mais quentes” e teve maestria para transitar entre o rock e a MPB.

Cazuza e Lobão são ícones do rock nacional

Apear da amizade e das parcerias, Cazuza e Lobão nunca fizeram um dueto (Foto/Divulgação)

Pouco é comentado, no entanto, sobre as várias participações que o Exagerado fez em trabalhos de ícones da música brasileira. Menos falado ainda são os momentos em que ele cantou músicas de seus ídolos. A seguir, você confere algumas canções um tanto quanto raras que Caju registrou durante sua passagem pela na mesma dimensão astral em que nós vivemos.

1. “Contramão” – Cazuza + Fagner

Filho de João Araújo, dono da gravadora Som Livre, Caju cresceu em um ambiente cercado pelo time titular da seleção brasileira da música. Em 1985, ele gravou com Fagner a música Contramão, autoria do não menos genial Belchior.

2. “Hot Dog” – Cazuza + Leo Jaime

Amigos de longa data, Leo Jaime indicou Cazuza para o Barão e o resto é história. Em 1988, a dupla fez um dueto divertidíssimo para o disco do Leo, “Direto Do Meu Coração Pro Seu”. O charme da música fica por conta da participação do Wanderley, o cachorro de estimação do Exagerado.

3. “Que Loucura” – Rock do Barão encontra Rita Lee

Sempre foi comum uma banda de rock homenagear seus ídolos nos shows. Em 1985, durante uma apresentação na Bahia, o Barão fez um cover para Que Loucura e assim prestou reverências à Rita Lee.

4. “Marginal” – Cazuza + Celso Blues Boy

O lado exageradamente transgressor de Cazuza virou música no disco de Celso Blues Boy, ícone do blues brasileiro. Com interpretação visceral e feita com bastante malícia, Caju mostrou que realmente estava certo quando virou “marginal por decisão poética”.

5. “Trapalhão Super-Herói” – Barão Vermelho

Gravada para a trilha do filme infantil “O Trapalhão na Arca de Noé”, a música capta a essência do universo dos garotos levados. Em tom autobiográfico, Cazuza narra uma letra que detalha todas as suas traquinagens e artimanhas. Imperdível!

6. “Vingança Boba” – Cazuza + Sérgio Serra

O guitarrista Sérgio Serra teve uma passagem relâmpago pelo Barão, em 1982. Mais ou menos naquela época, Serginho e Cazuza gravaram uma demo para a música “Vingança Boba”. Trata-se de um daqueles tesouros inacabados da boa música…

7. “Diplomacia” – Barão Vermelho se rende à obra de Maysa

Durante um ensaio no ano de 1982, o Barão tocou um trecho de uma canção cujo o tema era um dos favoritos de Cazuza, a dor de cotovelo. Com toda sua irreverência, o Exagerado mostrou seu olhar a respeito de amores desfeitos.

Depois de curtir tanta raridade, você percebeu que a arte de Cazuza ficou marcada por uma poesia que, até os dias de hoje, denuncia uma sociedade traiçoeira, competitiva e de futuro duvidoso. Trata-se de um artista emblemático e que permanece relevante. Se a década de 80 abriu as portas para um admirável mundo novo na música jovem brasileira, podemos entender que o Exagerado foi um dos caras que jogou as chaves fora.

Para continuar celebrando o aniversário do poeta marginal da música brasileira popular, você pode clicar nesta playlist e relembrar alguns tesouros musicais que ele nos deixou. Ah, e não se esqueça de compartilhar o link deste post! É muito importante a sua ajuda para que, juntos, todos possamos dizer: “Viva Cazuza!”

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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