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Do heavy metal ao pop: 5 músicas sobre Chernobyl

Chernobyl é uma série da HBO

Série da HBO reacende reflexões sobre Chernobyl (Reprodução/Internet)

O desastre de Chernobyl aconteceu há mais de 30 anos. Com o hype da minissérie da HBO, o mais brutal dos acidentes nucleares da história voltou a ser assunto.

Você já parou pra pensar nas músicas sobre esse assunto? Continue com a gente, pois este post lista cinco canções sobre o tema.

Músicas sobre Chernobyl

Além de entreter, aliviar a alma e conduzir as nossas vidas, a música tem o papel de promover reflexões. Como não poderia ser diferente, a partir daquele fatídico abril de 1986, artistas de vários segmentos musicais fizeram obras sobre a tragédia de Chernobyl. Já que não tem como citar todas, escolhemos algumas canções sobre o assunto.

Observe com muita atenção: vão ser músicas que vão da fase pop new wave de David Bowie ao peso do heavy metal contemporâneo.

Prepare aí seus fones de ouvido! E lá vamos nós:

1. Time Will Crawl – David Bowie

Lançada em 1987, um ano após a tragédia, a música foi 100% inspirada nas causas e consequências da catástrofe. Segundo Bowie, a ideia para a letra surgiu durante um intervalo das gravações do disco Never Let Me Down. O ano era 1986 e o artista estava trabalhando, com sua equipe técnica, em um estúdio na Suíça.

Era um lindo dia de folga e estávamos observando os Alpes, quando nosso engenheiro de som gritou que havia algo muito sério acontecendo na Rússia. O noticiário local estava captando o sinal de uma rádio norueguesa. Em alto e bom som, o locutor avisava que nuvens enormes estavam se movendo a partir de lá e que e não eram nuvens de chuva

Uma tradução livre do trecho mais contundente da letra de Time Will Crawl diz: “Eu vi um riacho muito preto/Cheio de peixes de olhos brancos/ E um homem se afogando, sem olhos/Eu senti uma brisa muito quente que derreteu metal e aço/ Eu tenho uma enxaqueca que já dura três longos anos/E as pílulas que eu tomei fizeram meus dedos desaparecerem”.

2. Can’t Run But – Paul Simon

Testemunha ocular e lúcida do movimento hippie, o músico Paul Simon sempre fez letras que abordam questões de interesses social. Como não poderia ser diferente, o meio ambiente e a ecologia são fontes de inspiração para esse mestre do folk.

Lançada no álbum The Rhythm of the Saints, de 1990, a música Can’t Run But faz uma clara referência clara à tragédia de Chernobyl. Ao observar o trecho livremente traduzido da letra, não é necessário muito esforço para tirar as próprias conclusões:

Um sistema de resfriamento queima na Ucrânia/Árvores e sombrinhas nos protegem da nova chuva/Exércitos de engenheiros analisam o solo, a comida que saboreamos e a água que fervemos”

Dê o play e ouça a versão de estúdio completa de  Can’t Run But:

3. Wolves of Chernobyl – Municipal Waste

Na estrada desde 2001, a banda americana Municipal Waste faz um som chamado crossover thrash. Trata-se de um tipo de música que une o peso e a fúria do thrash metal com a atitude hardcore/punk.

Como não poderia ser diferente, as catástrofes são temas recorrentes nas letras dessa rapaziada. Na música Wolves of Chernobyl, inclusive, os caras dão voz a uma corrente de pensamento bem cabulosa: a população de lobos de Chernobyl estaria espalhando mutações causadas pela radiação pela Europa. Se você se interessa por teorias da conspiração, confira alguns trechos da letra dessa música:

Há algum tempo atrás, em uma dia como este/A energia feita pelo homem causou o pior acidente/Pessoas morreram rapidamente/E outras transmitiram doenças radioativas e feriram os que sobreviveram/[…]/ Uma nova estrutura de DNA começa a ser formada/Uma sede guiada pela loucura, saciada pela vida humana/Pra onde você vai correr quando estão atrás de você?/Você acha que pode se esconder até o uivo acabar?/Vítimas não podem escapar, não importa como fujam/As bestas são selvagens e querem se alimentar/Cuidado, estão vindo atrás de você!

Agora é só dar o play e fazer as suas próprias reflexões sobre o assunto:

4. Colony Collapse – Architects

Surgida em 2004, em Brighton, na Inglaterra, a banda Architects é uma das forças do heavy metal britânico. Em muitas de suas letras, o vocalista e compositor Sam Carter lida com questões ambientais.

Na faixa Colony Collapse, do álbum Lost Forever // Lost Together, de 2014, os caras traçam paralelos entre problemas atuais e o acidente de Chernobyl. De quebra, ainda rolam reflexões sobre a nossa missão de sempre tentar “recomeçar”, conforme pode ser conferido a seguir:

Eles disseram que o oceano está em chamas/Diga que não é verdade/A verdade nunca machucou tanto/Podemos recomeçar? Podemos começar de novo?/1986. Isso é uma recaída completa/Nosso último apocalipse/Esse é o colapso da colônia

Durante um show em Moscou, na Russia, em 2017, a banda fez tocou Colony Collapse de forma arrebatadora. O resultado pode ser conferido abaixo:

5. What We Made – Example

Bem menos badalados do que seus contemporâneos norte-americanos, o rapper Example é uma das gratas surpresas da cena hip hop britânica. Do alto de seus 36 anos, o cantor e letrista não tem idade suficiente para lembrar do ocorrido em Chernobyl. Porém, o calendário não é obstáculo para que um artista faça seu protesto.

Na letra de What We Made, de 2007, Example lida com o poder destrutivo da humanidade. Usando o impacto que as imagens podem causar, o clipe da faixa foi planejado para transmitir essa mensagem de forma bem clara. Como cenário, o britânico escolheu a fantasmagórica paisagem da cidade de Prypiat, local da maior tragédia nuclear da história.

O que aconteceu Chernobyl

Localizada nos arredores da cidade de Pripyat, no norte da Ucrânia, próxima da fronteira com a Bielorrússia, na extinta União Soviética, Chernobyl é uma usina nuclear desativada. Composta por quatro reatores, a instalação gerava energia para o país.

O nome Chernobyl, no entanto, é sinônimo de traumas. Na madrugada entre os dias 25 e 26 de abril, o reator número 4 da estação explodiu e provocou o pior acidente nucelar de todos os tempos.

Antes do acidente, Chernobyl era fonte geradora de energia e de empregos (Foto/Internet)

Quantas pessoas morreram na tragédia? O total de vítimas é incerto. Porém, órgãos e entidades indicam os números abaixo:

  • A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) estimam que 4 mil mortos;
  • O Instituto de Radiologia de Kiev admite 31 mortos e 50.000 contaminados, com níveis de radiação capazes de matar a longo prazo;
  • Relatório dos deputados do grupo dos Verdes do Parlamento Europeu diz que entre 30 mil e 60 mil pessoas morrerão de câncer como consequência da catástrofe.

Além dos assustadores números acima, a catástrofe resultou numa inestimável quantidade de problemas de saúde decorrentes da nuvem de radiação que se espalhou pela Europa. A Ucrânia, a Bielorrússia e a Rússia foram as nações mais atingidas. Nos anos seguintes, índices de radioatividade foram detectados em territórios dos seguintes países: Suécia, Escandinávia, Países Baixos, Bélgica, Reino Unido, Eslováquia, Romênia, Bulgária, Grécia, Turquia e Polônia.

As causas do acidente

A usina havia sofrido uma sobrecarga de energia durante um teste de capacidade. O sistema de resfriamento parou de funcionar e gerou um superaquecimento do núcleo, que atingiu temperaturas muito quentes.

Chernobyl foi palco de destare nucelar

Explosão de um dos reatores de Chernobyl causou danos em boa parte da Europa (Foto/Internet)

O calor escaldante provocou uma violenta explosão de vapor que estilhaçou o teto do reator, que pesava mais de mil toneladas. Um cogumelo de 1 quilômetro de altura pulverizou fragmentos de grafite com plutônio. Em contato com o ar, o urânio pegou fogo e também foi lançado na atmosfera.

O incêndio espalhou no ar incalculáveis quantidades de materiais radioativos do núcleo. Se a bravura dos bombeiros e das autoridades competentes não tivesse contido o fogo, a chuva radioativa teria sido 100 vezes maior do que a soma das forças das duas bombas atômicas lançadas sobre Hiroshima e Nagasaki, no Japão, durante a II Guerra Mundial.

Pripyat, cidade sede da usina de Chernobyl

Com o impacto do desastre, Pripyat virou uma cidade fantasma (Reprodução/Internet)

Após o acidente, o então governo soviético criou uma zona de exclusão em um raio de 30 quilômetros em torno do reator que explodiu. Toda essa área foi abandonada e, consequentemente, mais de 130 mil pessoas tiveram que se mudar. Como o tempo de vida da radiação é muito longo, os cientistas afirmam que milhares de anos se passarão – estimativas citam até 20 mil anos – para que o local volte a ser habitável. Sendo assim, durante um bom tempo, Pripyat continuará sendo uma “cidade fantasma”.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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