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Rock in Rio 2019: confira um resumo da segunda semana do festival

Rock in Rio 2019 deixou saudades

Rock in Rio 2019 foi grandioso (Divulgação)

RESUMO DO POST

  • Iron Maiden, ScorpionsKing Crimson mostram a força da experiência
  • Red Hot Chili PeppersIron MaidenP!nk e Muse foram as principais atrações
  • Anitta faz estreia morna no Rock in Rio
  • P!nk faz show arrasador
  • Muse encerra festival em grande estilo

Depois de um intervalo de três dias, o Rock in Rio voltou com força total. Nesta segunda fase, o roteiro do festival incluiu a estreia de Anitta e a tão aguardada noite do metal.

No post de hoje, te apresento um apanhado dos melhores momentos da etapa final do evento. Como foram muitos shows e muita gente talentosa, optei por pincelar os principais shows do Palco Mundo e apenas a apresentação mais emblemática do Palco Sunset.

Vamos nessa?

Rock in Rio – dia 03/10

Capital Inicial repete a fórmula

Em sua sétima participação no RIR, o Capital não decepcionou. No repertório, a banda optou por hits que cobrem mais de três décadas de sucesso. O mais legal foi a volta do hit Tudo Que Vai, que não era tocada no Rock in Rio desde 2001, e a quase ausência da já mais do que batida Que País É Este , que só teve um trechinho entoado.

Apesar de ligeiramente afônico e cansado, o vocalista Dinho Ouro Preto mostrou todo seu carisma e sintonia com a galera. Mais uma vez, Dinho puxou belos corais de vozes, que juntas cantaram clássicos como Primeiros Erros e À Sua Meneira.

Capital Inicial tocou pela sétima vez no Rock in Rio

Capital Inicial deu seu brilhante recado (Divulgação)

Como não poderia ser diferente, rolaram palavras de protesto contra o presidente Jair BolsonaroDinho respondeu com um discurso político. “Por um país [que fique] menos na mão de extremistas. Eu acho que quem assiste ao debate brasileiro acaba achando que, por eles serem mais barulhentos, representam o Brasil, quando, na verdade, o Brasil é um país de moderados”, disse. “Ninguém tem sangue nos olhos, faca nos dentes, nada disso. Isso é antibrasileiro”, completou.

Red Hot Chili Peppers divide opiniões

Em seu quarto Rock in Rio, o Red Hot optou por fazer um show meio que fora da caixa. Como consequência, o setlist veio com alguns dos muitos hits, canções menos badaladas, algumas jams e covers. Apesar de ousado, o repertório não foi unânime e houve até quem disse que a banda enrolou demais.

Porém, uma coisa é inegável: a presença de palco dos caras foi bem melhor do que em 2017. Desta vez, eles estavam mais animados e entregaram um show bem mais alto astral.

Por sua vez, o guitarrista Josh Klinghoffer comemorou seus 40 anos em grande estilo! Afiado nos solos, nos arranjos de guitarra e nos vocais de apoio, Klinghoffer realmente exorcizou o fantasma que é o fato de substituir o icônico John Frusciante. Depois de 12 anos empunhando as 6 cordas dos Chili Peppers, Josh já não é mais o “cara novato no pedaço”.

Rock in Rio – dia 04/10

Iron Maiden em noite inspirada e memorável

Com bastante alegoria, elementos teatrais, presença de palco e efeitos especiais, o Iron Maiden deu ao público o esperado: o melhor show de heavy metal possível. É impressionante como a banda monta uma narrativa musical e visual com suas apresentações. Pra começar, Bruce Dickinson chegou chegando com um avião. Depois disso, a banda foi aos céus, passou pela igreja, viu o palco ser invadido pelo folclórico Eddie… E vários outros momentos guiados pelos figurinos de Dickinson.

A relação do Iron com os fãs brasileiros é realmente transcendental… É como se fosse uma experiência espiritualizada. Como não poderia ser diferente, a plateia vibrou, cantou junto, se emocionou e ajudou o sempre excelente Bruce Dickinson a fazer mais um show memorável.

A picada fatal do Scorpions

Depois da apoteótica apresentação do Iron Maiden, quem viesse depois estaria em uma fogueira, né? Só que ao contrário: a banda Scorpionsmostrou toda a força de um autêntico gigante do hard rock. Com seus 55 anos de carreira, o grupo alemão mostrou que o rock pesado realmente é um tipo de música que resiste ao teste do tempo. Amparado por canções mundialmente famosas, os veteranos não deixaram a peteca cair e fizeram um show digno de suas tradições.

Preciso destacar alguns pontos que fazem a picada desses escorpiões ser fatal:

  1. Do alto de seus 71 anos, o vocalista Klaus Meine continua com a voz em dia
  2. O entrosamento dos guitarristas Rudolf Schenker e Mathias Jabs fazem da dupla a mais afiada do hard rock
  3. A entrada do baterista Mikkey Dee revigorou a banda e fez de Dee um homem visivelmente mais feliz

É incrível a capacidade que esses caras têm de fazer músicas intensamente melódicas, mas que ao mesmo tempo soam realmente pesadas. Por um RIR com mais bandas da envergadura do Scorpions

Rock in Rio – dia 05/10

Anitta fica no zero a zero

Cercada de expectativas, a estreia de Anitta no Rock in Rio não foi um espetáculo grandioso. Não foi nem memorável, pra ser mais sincero. O som não estava legal e, por consequência, a voz dela ficou pequena e embolada. Ainda assim, um intenso uso de vozes pré-gravadas chamou bastante atenção.

Anitta derrapa em show no Rock in Rio

Anitta fez show morno no Rock in Rio (Divulgação)

Em conversa com o G1, a artista explicou que “quando é um show que tem muita dança, muita coreografia, normalmente são gravadas vozes de apoio, sim, para as partes em que as coreografias são mais pesadas. Não tem como fazer uma hora dançando sem parar – como é o meu set, que só teve 5 minutos sem dança – e cantar o tempo inteiro. Em alguns momentos, temos voz de apoio e, em outros, canto solo. Faz parte do meu show. A galera que entenda”. A artista também comentou que os artistas internacionais são tratados de forma diferente:

A gente entrou no palco sem conhecê-lo. Quando nos deram, o festival já tinha começado. Entramos no palco ainda tentando entender o espaço. Super rola diferença (de tratamento pela organização de festivais). Mas, apesar de todos os pesares, deu tudo certo no fim. Conseguimos fazer um show muito legal

Será que a Anitta e o festival vão aparar alguma possível aresta e seguirem o jogo? 2021 é logo ali e a gente não perde por esperar.

P!nk faz show histórico

Em contrapartida, P!nk fez o show de pop que o RIR sempre desejou promover. Além de um caminhão de hits, a artista entregou uma performance cheia de manobras acrobáticas [feitas em um lustre-gaiola] e, de quebra, ainda sobrevoou a Cidade do Rock pendurada num emaranhado de cabos, fazendo piruetas, pousando em plataformas espalhadas pela público [quem aí viu algo parecido nos shows do Kiss, please, levanta a mão ;)].

Ah, antes que eu me esqueça, o mais importante: P!nk cantou na raça e evitou playbacks ou bases – inclusive nos números mais difíceis — principalmente em canções apresentadas no formato piano/guitarra e voz, como os hits Just Give me a Reason e Walk me Home.

Rock in Rio – dia 06/10

A mágica do voo colorido do King Crimson

Que o Rock in Rio é um festival espetacular, nunca vou duvidar. Só que até os melhores cometem erros… E em 2019, o grande erro da organização do evento foi ter colocado a veterana banda de rock progressivo King Crimson para tocar no Palco Sunset e, pra piorar, no mesmo dia em que o Palco Mundo receberia quatro grandes nomes ligados ao lado mais pop radiofônico/comercial do rock: Paralamas do Sucesso, Nickelback, Imagine Dragons e Muse.

King Crimson fez um show exemplar no Rock in Rio

King Crimson mostrou que Rock in Rio não é para amadores (Divulgação)

Como esperado, esse vacilo não apequenou a performance do King Crimson. Do alto de seus 50 anos de carreira, a banda soube “transformar o limão em limonada” e deu uma verdadeira aula de técnica musical, profissionalismo e organização artística. Com três baterias posicionadas à frente dos demais instrumentos, os “tiozões” fizeram uma apresentação hipnótica e cheia de tempos quebrados, métricas musicais inquietas e solos de guitarra que deixam qualquer guitar hero boquiaberto. 

E mesmo com pouco tempo para tocar, a banda brindou o seleto público com músicas do calibre Neurotica, Epitaph e 21st Century Schizoid Man, que na verdade são peças artísticas que mostram separam os músicos de verdade dos picaretas do meio musical.

Imagine Dragons faz gol de placa

Ah, vá! Os caras chegaram com tudo! Show energético, plateia em sintonia com as músicas, músicos entrosados e realmente dispostos a fazer história no Rock in Rio.

Com carisma de Martin Luther King e destreza de Ayrton Senna, o grupo Imagine Dragons pilotou a plateia e fez um show que à altura da popularidade que possui entre o público jovem. Não é à toa que entre todas as atrações do line-up do RIR 2019, a banda é campeã de audiência no campeã no YouTube, serviço de música mais popular ao redor do planeta.

Muse encerra o Rock in Rio em grande estilo

E com o rock moderno, eletrônico e pujante do Muse, o Rock in Rio 2019 chegou ao fim. O encerramento foi grandioso, com chaves de ouro, conforme manda a tradição do festival. Em cena, o power trio só faltou transformar a noite em dia. Com um repertório longo, eles tocaram músicas de todos os seus discos lançados a partir do épico Absolution, de 2003. Isso vai até Simulation Theory, o mais recente álbum, lançado em 2019.

Além da chuva de hits, a banda explorou bem o aparato visual da coisa, ou seja, não faltaram robôs, luzes e performances energéticas dos músicos. Durante um apoteótico medley de riffs de metal, uma criatura gigantesca invadiu o palco!

Ah, e não posso deixar de mencionar o momento em que o Muse tocou uma das mais aguardadas do repertório: Hysteria, com direito à icônica linha de baixo. O momento ainda teve um trecho instrumental de Back In Black, clássico do AC/DC.

Outro rolê que vale a reflexão foi a mensagem da música que encerrou oficialmente o Rock In Rio 2019: “Nós precisamos lutar para sobreviver”… #FicaDica

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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