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7 músicas pra celebrar a obra do produtor Arnaldo Saccomanni

A indústria fonográfica brasileira se despede, neste 27 de agosto de 2020, do produtor musical Arnaldo Saccomani. Ele tinha completado 71 anos na última segunda (24). Saccomani sofria de insuficiência renal e diabetes e começou a fazer hemodiálise em julho de 2019.

Por mais que tenha começado a carreira em 1960, ficou mais famoso por participar de programas caça-talentos, onde costumava desempenhar o papel de jurado carrasco. Muito além desse estereótipo ranzinza, entretanto, Arnaldo foi um personagem visionário na música brasileira.

De boné e óculos, o produtor musical Arnaldo Sacomanni trabalha em uma mesa de som

Arnaldo Saccomani produziu discos de artistas ícones de vários segmentos da música brasileira (Foto/Divulgação)

Além de pilotar as produções, atuou como empresário, músico, compositor e radialista. Dono de feeling incomum, ajudou a revelar artistas e hits que embalaram várias gerações. No texto de hoje, você escuta e confere a cifra de 7 das muitas canções que tiveram o toque tão singular desse verdadeiro agitador cultural. Se liga só na listinha que preparei para a nossa conversa:

  • Ando Meio Desligado
  • Azul da Cor do Mar
  • Espelhos Quebrados
  • Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê)
  • Fica Comigo
  • Tic, Tic, Tac
  • Adivinha

Ficou surpreso com esse Top? Então, ajuste aí os seus fones de ouvido, prepare o violão e vamos curtir música que celebram um legado ímpar.

1. Ando Meio Desligado – Os Mutantes

Essa faixa faz parte do terceiro disco d’Os Mutantes, A Divina Comédia ou Ando Meio Desligado. Lançado em 1967, esse foi o álbum que marcou o começo do mergulho da banda em um oceano chamado “rock psicodélico”. Atuando como produtor, Saccomani teve papel importante no direcionamento artístico do disco, ou seja, ele orientou a troca de elementos brasileiros por órgão elétrico, guitarras mais rasgadas e vocais mais selvagens.

Confira a cifra completa de Ando Meio Desligado, clássico do rock mundial!

2. Azul da Cor do Mar – Tim Maia

Em 1970, finalmente, a música brasileira estava pronta para receber o furacão Tim Maia. Naquele ano, em seu disco de estreia, “O Síndico” gravou soul, funk, rock, baião e o que mais que fosse! Em entrevista à F. de São Paulo, Saccomani contou um pouco de como foi trabalhar com a voz que movia montanhas: “Não me esqueço da noite em que ele gravou Azul da Cor do Mar, com Cassiano no estúdio. Gravou de primeira, emocionante”, disse.

Ainda na mesma entrevista, Arnaldo comentou sobre como ajudou a dar um impulso na carreira de Tim. “Apresentei Primavera e Azul da Cor do Mar numa convenção da Philips, que na época tinha uma série de produtores. Todo mundo foi contra, todo mundo torceu o nariz. Seu Midani autorizou o lançamento, levamos o compacto à [rádio] Difusora. Demorou uns dois meses para tocar. Hoje todo mundo é pai do Tim Maia, mas a história foi assim”, afirmou.

Confira a videoaula e a cifra de Azul da Cor do Mar, uma das canções mais belas cantadas na língua portuguesa.

3. Espelhos Quebrados – Ronnie Von

Entre 1968 e 1970, Ronnie Von lançou a chamada “trilogia psicodélica”. O som é de vanguarda, psicodélico, progressivo, lisérgico e “música pra doidão escutar”. A estética sonora e textual é toda trabalhada no surrealismo. Atuando como assistente de produção e compositor, Arnaldo Sacomanni foi peça chave nesses discos que representam uma fase revolucionária no rock nacional. Uma das faixas mais emblemáticas é Espelhos Quebrados.

Na época, quase ninguém entendeu a ideia e, como não poderia ser diferente, as vendas foram bem baixas. Mas como música de qualidade resiste ao teste do tempo, em pleno século XXI, esses registros são cultuados ao redor do mundo.

4. Na Rua, na Chuva, na Fazenda (Casinha de Sapê) – Hyldon

Já em 1975, depois de criar algumas brilhantes trilhas para novelas, o produtor colocou seus conhecimentos a serviço de um outro trabalho importantíssimo da música soul feita no Brasil. Trata-se do lendário Na Rua, na Chuva, na Fazenda, disco de estreia do cantor e compositor Hyldon.

Aprenda a tocar com a cifra de Na Rua, Na Chuva, Na Fazenda (Casinha de Sapê), hit inesquecível do Hyldon.

5. Fica Comigo – Placa Luminosa

Veterana dos bailes e palcos da vida, a banda brasiliense Placa Luminosa alcançou o auge entre o fim dos anos 80 e o começo da década de 90. Lançada em 1989, Fica Comigo é a canção mais emblemática desse grupo que merece muito mais reconhecimento. Essa bela balada pra mandar pro crush foi composta por Arnaldo Sacomanni em parceria com Thomas Roth, um de seus companheiros do corpo de jurados do programa Ídolos.

Saiba como tocar Fica Comigo, do Placa Luminosa.

6. Tic, Tic, Tac – Carrapicho

Na metade dos anos 90, as batidas hipnóticas do Olodum eram música brasileira tipo exportação. Nem mesmo Michael Jackson conseguiu resistir! Numa sacada genial, Saccomani descobriu lá em Manaus, capital do Amazonas, o grupo Carrapicho. Sem querer destronar o axé que vinha da Bahia, o senso visionário do produtor trouxe holofotes culturais para um Brasil que o brasileiro desconhecia.

Vem bater forte o tambor! Aprenda a tocar Tic, Tic, Tac, sucesso inconfundível do Carrapicho!

7. Adivinha – Os Travessos

Na década de 1990, Arnaldo Saccomani foi um dos responsáveis pela consagração do pagode romântico. Com seu faro aguçado para sucesso, Saccomani esteve envolvido com Grupo Pixote, Belo, Vavá, Sorriso Maroto, entre outros. Na década seguinte, o estilo sobreviveu e teve fôlego para continuar até hoje. A faixa Advinha, hit do grupo Os Travessos, sem dúvidas iconiza esse lado do já saudoso produtor.

Vem ver a cifra de Adivinha, hit d’Os Travessos!

Outras produções de Arnaldo Sacomanni

Além dos trabalhos supracitados acima, Arnaldo Sacomanni também esteve profissionalmente envolvido com artistas dos mais variados segmentos. Foi por intermédio dele, por exemplo, que os Mamonas Assassinas descolaram contrato com gravadora. Na mesma entrevista citadas linhas acima, ele contou como foi a história com os Mamonas:

Fui eu quem negociei o contrato deles. Mostrei para algumas gravadoras, fui totalmente ironizado por todas. Mandei para João Augusto (da EMI, hoje na Abril), que também achou uma porcaria. O filho dele gostou, aí foi feito o disco. Meu nome só aparece nos agradecimentos, o que gerou uma grande briga minha com João Augusto. Ganhei R$ 2.000 pela produção artística e musical dos Mamonas

Sacomanni também produziu discos que vão do romantismo adulto do Fábio Jr. ao pop adolescente de Larissa Manoela. Seja lá qual fosse a linguagem ou estilo da música, esse lendário produtor tinha as melhores soluções sonoras.

Foto de Gustavo Morais

Gustavo Morais

Jornalista, com especialização em Produção e Crítica Cultural. Pesquisador independente de música, colecionador de discos de vinil e mídias físicas. Toca guitarra, violão, baixo e teclado. Trabalha no Cifra Club desde novembro de 2006.

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